quarta-feira, novembro 17, 2010

sinais de pobreza (V) - reflexoes de Julio Machado Vaz

hoje destaco o pod cast de 29.10.2010 do programa da antena 1 do JMV sobre a pobreza

aqui para ouvir

sexta-feira, novembro 12, 2010

educaçao sexual e a mente deles (I)

ora que "coisa mai linda"

os argumentos destes papás sao muitos.

e se aparecessem uns paizinhos que se opusessem ao programa do ensino de Historia aprovado pelo Ministerio da Educação? É que também nessa disciplina, a História tal como a educação sexual, pode conter "factos" não consensuais aos olhos de muitos paizinhos. Vão impedir os rebentos de irem às aulas?

o q escrevem neste sítio sao coisas extraordinarias, mas ouvi-los "na TSF, 11 nov 2010" é de ir as lágrimas.

domingo, outubro 17, 2010

os custos da saude em portugal

a proposito desta publicação de 1. out. 2010

No âmbito da Gestão Integrada da Diabetes, a disponibilização de bombas de perfusão subcutânea contínua de insulina para terapêutica intensiva nas pessoas com diabetes tipo 1, beneficiários do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou subsistema de saúde não tem encargos para os utentes.

nao sou economista e desconheço relatorios tecnicos sobre os gastos do estado com a saude em portugal, mas este mas esta norma agora aprovada é o exemplo, na minha opiniao, da enorme importancia do SNS.

este é um exemplo apenas do respeito com que devemos olhar o SNS porque representa a solidariedade de toda a comunidade. nao compreendo declaraçoes recentes da ministra sobre a suposta alarvidade na prescriçao de antidepressivos e antipsicoticos por parte dos medicos. e reconheço-me nas declaraçoes aqui de AMP.

respeitar nao impede a critica do sistema no sentido de o aperfeiçoar e reduzir eventuais desperdícios, mas nao significa por exemplo, desqualificar os diversos profissionais que nele trabalham ou aponta-los como "bode expiatorio" do "buraco" financeiro.

é que "se calhar" esta actividade resulta sempre em "buraco financeiro". como exemplos lembro-me dos tratamentos para o VIH e hepatites, os tratamentos para as doenças auto-imunes, os doentes em hemodiálise... é uma obrigaçao moral dar acesso aos doentes da nossa sociedade a esses medicamentos e tratamentos, os quais os agentes privados a actuarem na saude nao asseguram.

nao ha crise economica ou buraco financeiro que justifiquem medidas de abandono social.

--



DGS divulga lista de centros de tratamento para perfusão subcutânea contínua de insulina reconhecidos para 2010.



A Direcção-Geral da Saúde (DGS) divulgou, esta quinta-feira, 30 de Setembro, a lista de centros de tratamento para a perfusão subcutânea contínua de insulina reconhecidos, às quais serão atribuídas as bombas de perfusão de insulina para o ano de 2010.
A Orientação n.º 004/2010, dirigida às unidades de saúde do Serviço Nacional de Saúde, reconhece como centros de tratamento:
  • Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal
  • Centro Hospitalar Barreiro Montijo, EPE
  • Centro Hospitalar de Coimbra, EPE ‐ Hospital Pediátrico
  • Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE
  • Centro Hospitalar de Torres Vedras, EPE
  • Centro Hospitalar do Porto, EPE
  • Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE ‐ Hospital Santa Maria
  • Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, EPE
  • Hospitais da Universidade de Coimbra, EPE
  • Hospital de São João, EPE
  • Hospital Curry Cabral, EPE
  • Hospital de São Marcos – Braga
  • Hospital Garcia de Orta, EPE
  • Hospital Santa Maria Maior, EPE
  • Unidade Local de Saúde de Matosinhos, EPE
  • Unidade Local de Saúde do Alto Minho, EPE
No âmbito da Gestão Integrada da Diabetes, a disponibilização de bombas de perfusão subcutânea contínua de insulina para terapêutica intensiva nas pessoas com diabetes tipo 1, beneficiários do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou subsistema de saúde não tem encargos para os utentes.

sábado, outubro 16, 2010

pela liberdade de pensamento

partilho este video porque o achei divertido, mas nao deixa de ser o paradigma do populismo, demagogia e manipulaçao. coisa em que, nao lhes sendo exclusiva, os rapazes do 31 sao hábeis. percebe-se rapidamente que este genero de construçoes sao "perigosas".

dao-lhe um aspeto comico, inocente e simples, para demonstrar que nao ha qualquer manipulaçao (como fazem os magicos declarando "nada na manga"). mas sabemos que desde o momento em que se escolhe mostrar aquela frame condicionam-se pensamentos e existe manipulaçao, com obvios efeitos geralmente sobre a populaçao menos habituada a tomar cuidado com aquilo que vai lendo e ouvindo nos "media". o passo seguinte é divulga-lo amplamente nas redes sociais, em sitios como o youtube geralmente sem o cuidado de contextualizar, dissimulando técnicas utilizadas, nao declarando os seus interesses ou filiaçoes.

é muito comum e sempre existiram tentativas de gerar opinioes ao longo dos tempos. os pensamentos condicionam-se de muitas maneiras. a publicaçao num jornal, pode ser apenas um dos modos de condicionar porque para a maioria da populaçao o que "saiu" no jornal ou o que "viram na televisao" é verdade, aconteceu, existe mesmo. outra forma mais sofisticada é "colar" declaraçoes do proprio de preferencia em video e fazer estas montagens. a imagem tem um poder enorme.

repito que me diverti com o video, mas ha que lembrar sempre que as palavras existem em contextos assim como partes de discursos, para mantermos a nossa liberdade de pensamento. no limite seria possivel com tecnicas de imagem e video refazer totalmente um discurso de uma personalidade sem que esta alguma vez o tivesse proferido.

quarta-feira, outubro 13, 2010

dia da anestesiologia na gare do oriente

em antecipaçao ao dia mundial da anestesiologia (16.out) aconteceu aqui na gare do oriente o contacto com a populaçao em geral.

terça-feira, outubro 05, 2010

sinais de pobreza (IV)


                                            (imagem neste sitio)



mais um domingo a encerrar o final de um fim de semana a alguns minutos da meia noite.
o intercidades debita gente na plataforma para outros destinos. eu tomo o meu de modo automatico e dirijo-me ao parque subterraneo do estacionamento. a arquitectura adorna o espaço de uma aura espacial e moderna. notei as saudades que tinha deste ritual, ja ha algum tempo abandonado e substituido pela viagem de carro.
percebi que a gare do oriente tem sido povoada e preenchida silenciosamente. surpreendi-me por desta vez serem muitos mais do que aqueles de que me recordava. menos espaço para tantos e cada vez mais. alguns sozinhos, outros em grupo, uns esquecendo a realidade, outros ja desconectados pelo coma alcoolico. viam-se ainda outros gastando minutos em conversa de grupo ou olhando quem passa, antes de se enrolarem sobre os cartoes e trapos, arrumados nos carrinhos de supermercado que transportavam, enquanto eu atravessava o seu quarto de dormir para chegar ao lugar onde tinha estacionado o carro. ainda nao se viam crianças, só homens mas de todas as idades.

sexta-feira, outubro 01, 2010

educaçao em portugal

afinal n é so de crise economica e financeira que vive o parlamento
e pasme-se como é mesmo possivel debater outros "assuntos menores" no parlamento
para os mais cepticos e recorrentes sobre o modo de estar e de fazer politica em portugal fica hoje a demonstraçao que a nossa democracia funciona e se encontra de boa saude.
foi aprovada uma proposta de lei pela iniciativa do BE promovendo o acesso "universal" dos estudantes aos manuais escolares.
o texto da proposta que foi debatido pode ser consultado clicando aqui

domingo, setembro 19, 2010

um ano é um tempo imenso

um ano é um tempo imenso.
ja tinha expressado esta opiniao noutro post e confesso q me impressiono quando alguem com muita calma (que so pode ser justificada por ignorancia ou sensaçao de imortalidade) aceita fazer q outros percam anos da sua vida a desempenharem tarefas ou realizarem formaçoes inuteis...porque somos inteligentes, quando detectamos um erro, este deve ser corrigido de imediato. nao temos tanto tempo assim e um ano é uma eternidade. é uma questao de respeito, para nós e para com os outros.
o video que me enviaram hoje refere-se mesmo a essa questao e de um modo muito forte.

(o autor do video aqui)


O tempo não pára!
Carregado por mark_kohler. - Mais videos sobre o estilo, a moda e o faça você-mesmo

sexta-feira, setembro 17, 2010

mourinho e declaraçoes faceis

estas declaraçoes sao aquelas q todos em portugal queriam ouvir de jose mourinho e foram essas q ele proferiu.
a posiçao dele é a mais facil, porque caso nao se concretize, ele nunca será responsabilizado pela decisao.
para consumo interno de nacionalismo bacoco serao mais uma vez diabolizados os sacanas dos espanhois, seguida da sua entidade patronal (real madrid), integralmente soberana na decisao sobre esta questao.
o outro pilatos da questao é o desgraçadinho madail, que ate foi a madrid tentar tudo o que podia.

chimamanda adichie II - a princesa (negra) e o sapo

os tempos vao sendo diferentes,... se é verdade que chimamanda adichie na sua infancia só lia historias de principes e princesas, brancos e de olhos azuis, de personagens que brincavam na neve e comiam maças a disney tem contribuido para que nao exista apenas a tal historia unica de que nos fala a escritora nigeriana.


robot da vinci tambem em anestesia

a evoluçao tecnologica continua a fascinar geraçoes.
o hospital da luz destaca-se este ano por ter sido o pioneiro em portugal na introduçao da cirurgia robotica.
o sistema é conhecido por da vinci e foi em junho de 2010 que se realizou a primeira cirurgia, como podem rever aqui neste video da estaçao de televisao SIC.



mas afinal parece que o da vinci nao se vai limitar apenas aos atos cirurgicos.
foi publicado este mes, setembro 2010 na Anesthesia & Analgesia a evoluçao do robot cirurgico, afinal tb na area da anestesia locorregional. nenhum procedimento anestesico foi ainda realizado em doentes, com o auxilio deste sistema robotico da vinci, mas o futuro é promissor.

deixo aqui o resumo da PUBMED



Anesth Analg. 2010 Sep;111(3):813-6. Epub 2010 Jun 25.

Technical communication: robot-assisted regional anesthesia: a simulated demonstration.

University of Florida College of Medicine, PO Box 100254, Gainesville, FL 32610-0254, USA. ptighe@anest.ufl.edu

e mais discussao sobre o assunto no Anaesthesia UK

quinta-feira, setembro 16, 2010

Conferencia TED Chimamanda Adichie - Nigeria - A Historia Unica

as conferencias TED (que significa tecnologia, entretenimento e design) têm-se tornado muito conhecidas pela sua elevada qualidade e pela participaçao de peritos (muitos deles figuras publicas) nas mais diversas areas. o espirito das conferencias resume-se na expressao "ideas worth spreading" e aparentemente parece que ha mesmo ideias que valem a pena serem divulgadas.

Chimamanda Adichie é doce, bonita e a sua conferencia de cerca de 20 minutos, realizada ha 1 ano, flui entre o doce humor africano e os problemas serios que valem a pena ser discutidos. fala-nos sobre a "nossa" história unica, as nossas verdades, os nossos preconceitos, a nossa maneira de pensar de como as coisas são. nao poderia haver tema mais actual do que este e vai permanecer atual durante toda a existencia da humanidade em minha opiniao, nao obstante podemos sempre fazer algum exercicio mental para nos colocarmos num outro ponto de vista e ver o mesmo problema de uma diferente perspectiva.

vale mesmo a pena partilhar aqui neste espaço esta conf, mas confesso que o faço mais pela minha comodidade e por saber onde a encontrar porque depois de muito tempo perdida pelo mundo da internet, so agora, com muito esforço a consegui recuperar.


o site disponibiliza legendagem em portugues (irrita-me a divisao entre portugues do brasil e de portugal), mas prometo que isso ficará para outro post, por se tratar de um tema mais vasto e complexo.




(ativar as legendas em portugues para quem o desejar)

sábado, setembro 11, 2010

parlamento europeu e emissoes de carbono

parece mesmo verdade. procurei só mesmo pela curiosidade, porque há já bastante tempo, substitui todas as lampadas que uso, pelas de baixo consumo. desde então não me lembro de ter tido necessidade de as substituir.
agora parece mesmo que foram mesmo retiradas as lampadas de 75 W incandescentes. hoje ja nao as encontrei no supermercado.

consultar aqui a normativa da uniao europeia.

quinta-feira, setembro 09, 2010

encontro com a morte (III)

recebi-os à porta como ritualmente faço a todos os doentes.
entrando, lentamente instalaram-se no desconforto de verao do gabinete. estavámos qual africa equatorial. ate mesmo uma pesada e velha ventoinha amenizava o ar quente. de modo informal, procurei aliviar a tensao daqueles dois dias que faltavam para a operaçao agendada. era um procedimento frequente.
«sabe doutor, o meu marido tem uma pilha no coraçao». os seus 80 anos justificavam-no bem, pensei.
revi as analises e restantes exames, completei o resto do questionario pre-operatorio e concluí que estava tudo pronto.
sem autorizaçao, também lá tinha entrado e aí permaneceu silenciosa.
o seu sorriso paciente de troça, por tras do casal, olhando para mim.
acompanhou-a no segundo dia do pós-operatorio, sem aviso, sem mais nada.


                                            (foto retirada da BBC)

encontro com a morte (II)

na A1 antes do acidente, passei pelo futuro morto.
recebi em lisboa, pela televisão, a noticia de que a morte viajava ao meu lado, na auto estrada e saiu em coimbra.

quarta-feira, setembro 08, 2010

encontro com a morte em Samarra (I)

                                          (foto alojada no blog Samarra Hills)
 
recordo hoje uma historia reproduzida pelo rui herbon há algum tempo atras, no blog jugular e que me lembro muitas vezes e por isso a quero tambem partilhar.
para mim é uma reflexao sobre a nossa existencia, relembra-nos tb como esta é transitoria e q nos deveriamos concentrar nas pessoas e coisas mesmo importantes da nossa vida.
quando ouvirem "para o ano vamos,... fazer de maneira diferente", lembrem-se desta historia.
um ano é imenso tempo... nós nao temos esse tempo. é fazê-lo agora, no trabalho, na escola ou universidade, na familia, entre amigos ou com o/a namorado(a).


Havia um comerciante em Bagdade que mandou o seu servo comprar provisões ao mercado, e daí a pouco o servo voltou, pálido e trémulo, e disse: «Senhor, agora mesmo, quando estava no mercado, fui empurrado por uma mulher, no meio da multidão, e quando me voltei vi que fora a Morte quem me empurrara. Ela olhou-me e fez um gesto ameaçador; por isso, empreste-me o seu cavalo, e sairei desta cidade, para escapar ao meu destino. Irei para Samarra, e aí a Morte não me encontrará». O comerciante emprestou-lhe o seu cavalo, o servo montou nele, enterrou-lhe as esporas nos flancos e partiu tão velozmente quanto o cavalo podia galopar. Então o comerciante foi ao mercado e viu-me, de pé, entre a multidão; aproximou-se de mim e disse: «Por que fizeste um gesto ameaçador ao meu servo quando o viste esta manhã?». «Não foi um gesto ameaçador», respondi, «foi apenas um sobressalto de surpresa. Fiquei espantada por vê-lo aqui, em Bagdade, pois eu tinha um encontro marcado com ele esta noite, em Samarra».

segunda-feira, setembro 06, 2010

Dr Eduardo Barroso, o que foi aquilo? um grito?

o futebol deve mesmo pôr a cabeça de um homem em agua.
ouvir perto do minuto 1:26 o momento de loucura. e a velocidade com que admite ter errado. é comovente.
no coments é mesmo para ver e pasmar

sondagem sobre o SNS, set 2010

ja se encontra aberto a todos aqueles que desejem participar na nova sondagem deste sítio.
este mes foi pergunto a opiniao sobrea gratuitidade dos serviços do SNS.
este post ficará aberto para comentários a todos que para alem do voto, desejarem deixar tambem a sua opiniao sobre aspectos referentes ao SNS.
no final do mes serao apresentados os resultados da sondagem encerrada.

domingo, setembro 05, 2010

em desespero de causa

ao longe, no fim do corredor, apenas se via a cabeça com cabelo farto, forte e escuro entremeado de branco eriçado, em desalinho como juba de leão velho, mal tratado e seco. aproximei-me mais e as sobrancelhas espessas, saltavam espetadas, onde alguns pelos picavam em martírio as pálpebras. uma suja poeira incrustada em torno dos olhos fechados de um negro prestes a explodir numa pele sebosa e suada eram o pó-de-arroz de uma testa e nariz marcado por rugas vincadas, e depois... mais cabelo, bigode farto, mento escuro, boca e alguns dentes escuros de podre.

embrulhada, numa bata do hospital de atilhos gastos, como um chouriço, aguardava à porta do bloco, onde o corpo evidentemente maior que a maca que lhe coube em sorte, estava encravado e protegido para seu bem, entre as grades. one size fits all, tamanho único, espartilho castigador, tormento para os doentes quando se mexem e penoso para os prestadores, seus carrascos quando os cuidam. um lençol e cobertor recobertos por uma colcha branca kitsch tornavam-na mais apresentável ao longe. os braços esticados, espásticos, firmes ao longo do corpo sob o qual passavam em desalinho de novelo desfeito e entre as camadas do aconchego hospitalar os tubos e torneiras do soro, não funcionante, adornando o pacote para operar. as mãos deformadas, unhas curtas, rentes e escuras.

aproximei-me e antes de lhe tocar, saudei-a. não reagiu. voltei, insisti e repeti mais alto. abriu os olhos e um olho branco opaco, amaurose certa, surpreendeu-me. o outro fitava o infinito. "sou muito surda" disse, "tem de falar mais alto". aproximei-me. suor acido, hálito ligeiro a jejum prolongado, pele húmida, macerada, não ouvia mesmo mais alto, nem mais perto. desisti e resumindo disse-lhe "vai ser operada. tratar da perna". "seja como deus quiser" respondeu. resmunguei comigo e sozinho. mais uma vez a mesma historia.

com esta frase e a sua fraca audição toda a comunicação é um grande vazio, tão grande como a minha tristeza. incompreensão, frustração, impotência plena e revolta (muita,...) pela perda da dignidade, pela aceitação do destino, sem luta, sem exigir, sem perguntas, sem reclamar. procuro então concentrar os meus esforços em explorar mais algumas pistas que me ajudem a tornar irrepreensível o meu ato terapêutico. preocupei-me com a sua dignidade e a sua privacidade, o local permitia isso e avancei para o tórax e depois para o abdómen. descasco mais uma camada da cebola hospitalar, a custo, com algum gemido, condescendendo ao meu gesto e facilitando-me o que procuro. descubro a barriga e vem com fralda, cheiro intenso a urina esquecida e velha.

resmungo comigo, sozinho porque não aceito. não há inocentes. somos responsáveis pelas opções que tomamos ao longo da vida e pela nossa condição atual. a demência seria implacável desligando-a do presente e realidade. não seria capaz de evocar o seu deus, de articular frases sobre a sua sorte, o seu destino, de me pedir para falar mais alto, de me explicar que não ouve. a velha egoísta recusa-se a participar, de me dizer se está medicada, se sofre do coração, se tem o sangue espesso ou uma pilha no coração. a estas perguntas obtinha gemidos de preguiça e de desinteresse. decidiu deixar tudo na mão do sobrenatural. nada era útil no concreto da sua doença aguda e consciente negligenciava a sua própria salvação. terminei a minha observação e sugeri “vou fazer uma pica nas costas”. desconversava quando lhe perguntava sobre a sua vontade. parecia não ser mais o momento da sua vontade. agora já não era ela, apenas se limitava a evocar o seu deus. por isso me ignorava, desconversava. esta violência psicológica “o doutor é que sabe” era a sublime declaração de uma indiferença total. senti-me posto de parte e excluído. tinha chegado tarde demais. tudo aquilo fazia parte do plano já há muito negociado entre ela e deus. por isso a única resposta possível só poderia ser "seja como deus quiser". sentia o sabor amargo de ter sido convocado e sem opção, tornar-me o executor deste destino planeado à minha revelia e não assumido.

de revolta e raiva, resmunguei ainda mais veementemente … “pois sou. é isso mesmo. eu é que sei. e vai ser como eu quero”. a loucura cegava-me. como podia aquela velhaca ignorante e burra ser egoísta e de me magoar assim, tornando-me instrumento e intermediário do seu destino. porra! as coisas não tinham de ser assim, estava ao seu alcance torna-las diferentes. para que me pedia para lhe falar mais alto, se afinal estava tudo já decidido à vontade de deus? como pode delegar tudo nas mãos de uma abstração? como pôde aceitar ficar refém numa armadilha cultural onde ela própria se mutila? porra! como pode aceitar isto sem condição? como não questiona? porque não exige aquilo que quer? “que burra, que raiva, que nojo isto me mete”. e afinal? o consentimento, a dignidade, a autonomia,... porra! que egoísta! que velhaca! qual destino, qual tretas! este é o verdadeiro inferno. o inferno na terra.

os seus 93 anos não eram uma felicidade para quem se aproximava deste corpo abandonado. os seus olhos continuavam perdidos na luz branca do bloco operatório do velho hospital onde, há sete dias, tinha dado entrada. foi sorte uma vizinha, ter notando falta dela há já quase dois dias. tão faladora, sempre na sua janela da casa térrea do bairro, onde habita quase à porta do mercado. foi encontrada estendida no chão de sua casa, já sem forças e sem conseguir mexer-se. queixava-se muito, gemia e não se deixava tocar. por isso os bombeiros a trouxeram. afinal tinha uma fratura.

preenchida a papelada, arrumou-se na enfermaria. intermitentemente ficava em jejum ate ter vaga para ser operada. coisa urgente claro, que fraturas nestas idades são muito perigosas, todos sabem. mas haviam muitos iguais a ela, alguns há já mais de 15 dias. todos na mesma penitencia. a cada dia definhava, ficava mais seca e mais fraca. a língua formava lixa, os olhos afundavam-se, os braços elevavam-se tremendo lentamente e com as mãos agarrava nada.

a pouco e pouco a felicidade que sentiu por ter sido encontrada caída, ia-se apagando e com o passar do tempo (horas ou seriam dias?) não se lembrava mais do que tinha de fazer, de onde estava afinal. olhava em volta e perdeu os seus retratos, o relógio da parede tinha-se tornado invisível, tudo era branco, a sua telefonia estava sem som e agora ouvia todo o dia e toda a noite vozes, berros, risos, sons estranhos e estremecia. queria virar a cabeça e ver de onde vinham estes barulhos mas doía o pescoço, as costas ardiam, as formigas subiam pelas pernas e ferravam, os dedos serrados... sentia solavancos e o corpo tremer, por vezes. faltava-lhe o ar, estava quente, muito quente, sentia sede....cansada desta guerra sem descanso, adormeceu.

finalmente foi decretado o fim dos dias de penitencia, mas julgo que não notou. a cama abanou mais no transporte para o bloco operatório e os gemidos aumentaram. todos estavam concentrados naquele papel. era mais uma cama que traziam ao bloco. e o gemido dos velhos era sempre assim. calou-se quando a cama parou. muito diferente da janela da sua casa, onde passava as manhas a cumprimentar todos os que por lá passavam, no hospital ela tinha-se tornado invisível. passaram-se papeis. os olhos presos lá longe. de súbito sentiu a cabeça desamparada cair no vazio e gritou de susto. a almofada tinha de regressar, não podia ficar com ela, porque era da enfermaria e estavam contadas. foi transferida a braços para a mesa ortopédica. era um ritual mecanizado “é só um bocadinho”, berravam todos segundos antes do puxão, porque quanto mais rápido, menos dói. uivos de dor e berros ”não se agarre aí. tem de ter calma. já esta. portou-se muito bem”. lábios cerrados, finos e rugas ainda mais vincadas, não eram sinal de alivio ou calma. Ainda ficou assim alguns minutos. sem saber, ficou arrumada e tapada por um biombo que lhe protegia a privacidade, enquanto ainda terminava a cirurgia na sala que lhe destinaram.

depois da picada nas costas, as dores que a martirizaram desapareceram magicamente. agora podíamos transporta-la para onde quiséssemos porque estava sossegada. para ela, foi nessa altura que a sua perna ficou tratada. aguentou solenemente o posicionamento que determinamos, dormitou e fechou os olhos tranquila. a perna foi operada.

quando acabou, lá lhe dissemos baixinho ao ouvido que a perna estava tratada. sorriu e agradeceu. afinal era apenas surda quando lhe gritavam. o seu sorriso dava-lhe um ar tranquilo. aquele que nunca mostrara desde que teve o safado acidente. no caminho para a sala do recobro acenava a todos e agradecia. o sorriso nunca fora tão expressivo. os enfermeiros que a acolheram puseram-na confortável e aquecida, ficou vigiada também com toda a maquinaria tecnológica com fios de todas as cores e monitor digital.

ao longe, já com outro doente ouvi, um som agudo, fininho e continuo do monitor. era a margarida. mas ela não se incomodou, continuou a dormir sorrindo.

sábado, setembro 04, 2010

sinais de pobreza (III)

estao a aumentar o numero de bombas de gasolina em pre-pagamento, ou é impressão minha?

sinais de pobreza (II)

velho, lento, camisa suja com farrapos de teias de aranha (?) arrasta-se em volta da montra frigorífica do supermercado. agarra em embalagem de pés de galinha. leva duas.

sinais de pobreza (I)

em movimentos exploratorio, como rafeiro que fareja por alguma coisa esquecida, um rapaz discreto finalmente concentra-se no seu alvo. refaz o seu percurso e aponta em direçao certeira à mesa onde levanta, como se tivesse esquecido, o pacote de uma refeiçao King Burguer ainda com as batatas fritas que tinham sido rejeitadas.

balbúrdia

é mesmo uma balbúrdia de ideias misturar o processo casa pia, com o centenario da republica portuguesa e o regime monárquico em portugal (ver aqui).
uma tal confusão de ideias, só pode gerar desempenhos morosos e complicados, seja na area da justiça, da saúde, do jornalismo, nao é Luis Coimbra? é o diletantismo que o eça nos fala. parece q nos esta nos genes (seja o q isso for).
e para acrescentar nao me parece que a justiça nos estados unidos, alemanha, suiça, austria (todos paises nao monarquicos) seja assim tao morosa. "viés de selecção" responderão alguns monarquicos.

quarta-feira, setembro 01, 2010

o satus nim

os invertebrados, os medulares e os corticais.

os invertebrados são os mais abundantes e tropeçamos com eles todos os dias.
são gente dissimulada, vermiforme, escorregadia. geram sentimentos de amor e ódio, de injustiça, de sorte e azar em quem os rodeia. mantém por isso grupos de apoio que simultâneamente os toleram mas que os criticam. ascendem a funções de decisão pelas suas próprias características vermiculares proporcional ao grau de incompetência e depois de instalados são verdadeiramente víricos. como não são habitualmente autoritários, mantém uma popularidade entre alguns grupos que os toleram mas que os criticam. servem de tampão para outros, verdadeiramente crápulas, autoritários e sem escrúpulos. mas é um preço elevado a pagar, vivendo em permanente estado nim.
num estado suspenso, não fazem, não decidem, não deixam fazer, bloqueiam e congelam tudo em seu redor porque têm medo. destroem as instituições onde se instalam, desmotivam os grupos e promovem a discórdia e o boicote. não promovem o desenvolvimento de uma atividade fluída, eficaz e com resultados objetivos e quantificados porque temem a avaliação de si próprios e dos resultados daqueles que dirigem.
assim os invertebrados, não sendo autoritários e colhendo o apoio de alguns grupos, ainda assim não são benignos. têm necessidade de satisfazem a sua pouca autoestima iludindo-se em demonstrações do seu poder, exercido sobre os mais fracos da cadeia hierárquica alimentando o seu fraco ego.
sintetizando poderia utilizar as palavras do poeta "o fraco rei faz fraca a forte gente".
os medulares são sinápticos simples entre o sim/não.
habitualmente não apresentam iniciativa organizada mas não a limitam.
as suas decisões, pode ser contrarias à nossa vontade, mas à primeira vista parecem ser mais sensíveis à apresentação de uma argumentação lógica. a completa ausência de racionalidade em algumas decisões é sua a limitação, sendo conhecidos por serem brutos e impulsivos.
os corticais, sofrem a angustia de sobreviver neste contexto, mas têm a obrigação de vencer.

segunda-feira, agosto 23, 2010

domingo, agosto 22, 2010

pelos caminhos de portugal

para cá do caldeirao há sol todo o verão...e no resto do ano tb.

da evoluçao tecnologica, os telemoveis e internet

a evolução tecnológica não acompanha a evolução da mente humana (numa perspetiva evolucionista da espécie) e dos comportamentos sociais. a tecnologia pode mesmo gerar comportamentos "antissociais", estranhos e seduzir a humanidade para controlar os seus elementos mais dependentes. conduzimos automóveis e motas e manipulamos as mais variadas máquinas complexas, mas pouco nos diferencia dos macacos amestrados com um capacete na tola. em tudo mantemos gestos de animalidade, destacando-se em particular a área social.

uma das ferramentas que dispomos para interagir socialmente é a linguagem.

a linguagem escrita, está no século 21 no nosso país, muito mais generalizada. supõe-se que quem utiliza dispositivos tecnologicamente avançados dominará, pelo menos em parte, as "tecnologias" anteriores, como seja a língua materna. no entanto verifico que este será um pressuposto errado. assim, quando se fala em iliteracia estamos a ser demasiado otimistas porque admitimos implicitamente que alguém ainda fez um esforço para ler, só que infelizmente não o compreendeu. ora eu, suspeito que esse esforço de leitura não existe mesmo.

a acrescentar a esta cultura de ignorância sobre a linguagem, a evolução tecnológica permite o florescimento de gente rude, bruta egoísta e que se atropela a si própria e aos outros. são pequenos déspotas, equipados com telemóveis de último design tecnológico julgando que tais aparelhos lhes conferem poder. esta gente vive na ilusão de que podem obter respostas imediatas e de importunar em qq horário, pisando a disponibilidade e vontade da outra parte. recorde-se ainda, a particularidade boçal, que é o atrevimento de questionar posteriormente, o motivo pelo qual não foi atendido. passam rapidamente sem qualquer pudor do apoio emocional à perda de um amigo, para uma discussão, ao telemóvel que entretanto toca, seja sobre que assunto for, nos momentos e locais mais impróprios, num tom e timbre de voz que oferece retalhos da sua vida privada a todos aqueles que o rodeiam, querendo ou não ouvi-lo. para esta gente nada é verdadeiramente importante, tudo é fugaz, superficial e descartável, completamente desregulado por rituais de respeito pelos interlocutores. e fazem-no em todo o lado seja no emprego, em viagem, na praia, no cinema, nos restaurantes e fazem-no a qualquer hora e fazem-no com toda a gente. esta gente faz-nos perder tempo. não nos passa pela cabeça ir ao gabinete do chefe bater à porta ininterruptamente a cada minuto até que ele abra o gabinete. observa-se a agenda, fala-se com a secretaria, pede-se reunião,... há um ritual.

isto não é o preço que temos de pagar pela "evolução tecnológica". isto não é assim, nem tem de ser. o que eu tenho (ou temos, para quem se quiser juntar a mim) é ensinar estes burgessos.

os telemóveis são muito úteis, facilitam-nos a vida e compreendo ser útil concentrar varias funções no mesmo dispositivo. muitos são simultaneamente agenda, relógio despertador, leitor de mp3, máquina fotográfica e ainda fazem pequenos filmes. duvido muito que todos tenham as mesmas necessidades. e por isso não compreendo que todos adquiram indiscriminadamente o último aparelho, o mais caro, o mais rápido, aquele com mais funções que mais tarde adornado com um "toque" de gosto duvidoso importuna quarteirão e meio da vizinhança. parece ser o desejo sôfrego por adquirir status (social) pela simples compra de um objeto reconhecido pelo "grupo" como algo distintivo conferindo alguma superioridade e admiração. e esta enorme depressão que os atinge torna-se tanto mais evidente quanto maiores forem as suas inabilidades de se expressarem.

o nosso papel é demonstrar que existem regras. os telemóveis, por mais simples que sejam dispõem de uma função que consiste em enviar pequenas mensagens escritas vulgarmente conhecidas por SMS. esse sistema permite dar ao nosso interlocutor tempo de resposta e gerir o seu momento (espaço e tempo) para falar connosco. aliás, não percebo porque não enviam uma sms logo após a primeira tentativa falhada de comunicar e esperar pela resposta e preferem insistir vezes consecutivas com nova remarcação à espera que do outro lado atendam.

o facto do telefone estar ligado não legitima as consecutivas tentativas de marcação macaca. o facto de mantermos o nosso telefone ligado a horas impróprias nao confere nenhuma autorização para nos ligarem a incomodar. temos o direito de não atender, de não querer atender, assim simplesmente e sem qq justificação. temos o direito de concentrar todas as respostas para o fim do dia ou de utilizar atendedores de chamadas e de selecionar as chamadas, ou ainda simplesmente decidir não as querer atender, ou atender apenas contra identificação após sms de resposta a um pedido concreto, ou de simplesmente não querer ouvir.

mesmo depois de tudo isto explicado vão continuar sempre a existir pessoas que não compreendem estas regras básicas. vão manter os seus deficits intelectuais, sociais e emocionais que sendo suficientes para a tecnologia são reduzidos para comportamentos sociais ajustados. esta gente vai continuar a correr alarvemente as suas agendas eletrónicas em busca do "contacto" da próxima vítima e efectuar chamadas insistentes várias vezes até que a vitima se canse, ou fique disponível para o atender.

este modo de "estar" e de se comportar com novos canais de comunicação verifica-se com os telemóveis mas também com o correio eletrónico. mas é muito curioso notar que com a utilização da internet estes problemas não são tão preocupantes...pois! porque nesse caso a comunicação eletrónica é socialmente invisível. não existe prova física da superioridade nem é possível a exibição de equipamentos sofisticados perante os outros para enviar e-mails. por isso ter disponível internet em casa não se tornou tão popular como adquirir o último telemóvel do mercado...e por isso a maioria, longe das vistas dos outros, nem acesso à net possui.

se eu fosse marciano...pensava que

a suiça no meio das suas pastagens bucólicas de vaquinhas e comboios "nestele" ... deve ter umas autoestradas de fazer inveja à planície alentejana. é um gosto ver a quantidade de suiços, entre nós no mês de agosto, a assapar dos 0 aos 100 enquanto o diabo esfrega um olho. com tal destreza, põe-se com certeza, num pulinho da frança à austria. tudo o q queriamos era ter um planalto suiço assim...
para alem de portugal, ser afinal no verão, um destino turístico que vende muito bem nos alpes.

sexta-feira, agosto 20, 2010

momento de interludio

o que resulta de um fogo, de um lado e do outro da auto-estrada na proximidade de um campo de milho?
pipocas...

metalinguagem

é um painel na auto-estrada a informar-nos que dali a alguns quilometros vamos ter...
...informaçao sobre o preço dos combustiveis

sexta-feira, agosto 13, 2010

ponto de situaçao

ja outros publicaram o grafico sobre os incendios que afectam o nosso pais este ano.
podem encontrar o relatorio atualizado diariamente pelo sistema europeu de informaçao sobre os fogos florestais (EFFIS)
é angustiante ver que quase se adivinha a linha de fronteira entre portugal e espanha a norte bastando para isso apenas representar com um pequeno ponto no mapa o local do fogo.
nao pode ser apenas devido à sorte ou azar, obviamente. e para quem toma por normal (neste contexto significando apenas ser frequente em agosto os fogos em portugal) esta situação, depois de observar atentamente o mapa europeu percebe que algo esta mal, muito mal no nosso pais para ser o único a pertencer à categoria dos combustiveis. .... o unico? nao! um outro pequeno territorio europeu tambem arde à fartazana esta época - a sicilia. semelhanças? aceitam-se ideias...ah e para resolver este problema também. ja se percebeu que homens, resmas de gente, tanques, carros avioes "canadaires franceses" (seja la o que isso for) e helicopteros nao sao solução.

nao tendo sido a primeira vez, é desta que é noticia

o teor de sal no pao sempre foi preocupaçao legislativa.
se assim nao fosse nao havia já uma lei que o regulamentasse.
o pão que consumimos actualmente tem muito menos sal do que aquele pao de ha 10 ou 15 anos atras. apenas desta vez é que a medida foi noticiada ... e cai o carmo, ai cai cai e a trindade. desconfio que o motivo de tamanha zaragata é devido ao facto de nao haver mais nada na epoca "estival" para noticiar.
as entrevistas ao publico em geral, são p´ra encher tempo nos jornais televisivos. confesso que sao divertidos ... ao longo dos anos a descida do teor de sal no pao foi imperceptivel, mas as pessoas questionadas directamente sobre a questao dizem logo que preferem comer um paozinho com mais sal. nao sabem é que seria intragavel porque simplesmente ja nao estao habituadas...
claro que medidas como estas devem ser tomadas. o exemplo paralelo e provavelmente mais consensual é a introduçao do fluor na agua com o objectivo da reduçao das caries dentarias na populaçao. sao exemplo de medidas de saude publica e so a ignorancia espevitada pode  utilizar esta questao para exorcisar conceitos politicos bacocos. refiro-me a um moço com muitas ideias,...literalmente o idiota do dia aqui
e ja agora propoe-se para rima do dia algo relacionado com brioches e carvalho. nao se lembram de nada, nao?

em actualizaçao (já vi que vai dar que falar):
nada o impede que junte umas pitadas, ou o frasco todo vá, ou ja agora umas pazadas de manteiga com sal, ou um chouriçao ou outro fumado bem salgado...mas no global tera comido sempre menos sal

aqui a opiniao, mais uma vez bem estruturada, da cancio

quarta-feira, agosto 11, 2010

contraluz

um filme de fernando fragata
e é do mais kitch ouvir a beatriz costa num diner americano no meio do deserto do arizona
obviamente que nos faz sorrir, é apenas para consumo interno
uma historia interessante, enredo cativante, humano
sugiro enquanto ainda esta pelos cinemas

terça-feira, agosto 10, 2010

em bom portugues vernacular

Carlos Nunes Lopes mas que tem o cu a ver com as calças?
nao pode ser imputada aos medicos a ma referenciaçao da saude 24 para o centro de atendimento permanente da area de residência.
muito menos pode pensar que os médicos não passam de uns "pulhas" mercenarios ate se dão ao luxo de não ter férias para arrecadar "fortunas" nas consultas de clínicas ou hospitais privados.
e tanto quanto sei, cada um pode decidir a actividade que bem entender durante as suas ferias, seja isso ir a banhos, estudar ou trabalhar.
olhe é como o outro: "resmas de enfezados e vai-me sair este post carunchoso"

Actualização 12.ago
ja este aqui tem uma opiniao muito diferente (quanto ao serviço).

domingo, junho 13, 2010

abraços desfeitos pedro almodovar

abrazos rotos

lindo

para espreitar aqui

se ao menos ficasse caladinho...

ai ai que vamos ver muita entrevista de elevado calibre com o capitao de equipa cristiano.
mas porque motivo nao lhe fazem um guiao pra o moço botar faladura?
é ele e as vuvuzelas...

É Santo Antonio pois...

aqui fica a classificaçao das ditas... ou muito me engano ou o meu bairro foi condenado a travessia do deserto para o proximo ano

Classificações finais das marchas populares 2010:

1º Alfama - 247
2º Marvila - 238
3º Bica - 230
4º Bairro Alto - 222
5º Alcântara - 217
6º Castelo - 210
7º Mouraria - 209
8º Madragoa - 206
9º Santa Engrácia - 204
10º Beato - 201
11º São Vicente - 196
12º Bela Flor - 189
13º Carnide e Graça (ex-aequo) - 187
14º  Olivais - 186
15º Alto do Pina - 185
16º Baixa - 176
17º Penha de França - 174
18º Lumiar - 171
19 º Benfica - 148

quinta-feira, maio 13, 2010

erecçoes politicas

as coisas fantásticas que este homem diz, segundo o jornal i online socrates terá proferido semelhantes declarações:
"em conversa com os jornalistas, afirmou mesmo que a subida do PIB pode "estar ligada à visita de Sua Santidade ao nosso país""

a ler aqui

quinta-feira, março 25, 2010

INFO INSTITUCIONAL

uma entrevista de 16.mar no jornal i, muito interessante à eng. I Vaz aqui.

quanto a forma...
a qualidade da redaçao do texto neste artigo do "jornal i" é no mínimo surpreendente. terá mesmo utilizado a expressao "piursa"? ou esta outra frase:"O Estado faz todos os dias figura de urso e acha lindamente."e na frase"...a indústria farmacêutica, a de devices ou de resíduos..." serão os devices o equivalente em portugues a dispositivos, sem qualquer grafia denotando o estranjeirismo utilizado pelos jornalistas no corpo da noticia?

quanto ao conteudo...
tanto quanto tenho conhecimento, sistemas de saude na dinamarca, suecia, alemanha por exemplo sao maioritariamente publicos. o sector privado na saude desses paises é residual por isso esta opiniao fica com quem a profere:
"A saúde é um investimento demasiado precioso numa sociedade para ser encarado unicamente como custo social. E tem de ser bem gerido, sobretudo em países como o nosso, onde gastamos mais do que temos. Não acredito nos regimes soviéticos, de planeamento central, num SNS baseado apenas no Estado como único pagador. Um sistema que ignora que há privado e que há uma dupla cobertura é completamente errado e não promove a prevenção das doenças.".

em minha opiniao o problema do nosso SNS é de organizaçao e não de quem é o pagador. por outro lado a prevençao das doenças nao se faz em hospital de agudos, é na comunidade e muito no ambito da saude publica, area onde os privados nao existem.

domingo, março 21, 2010

rumores vespertinos

em alegre tertulia, numa mesa um pouco afastada, um grupo abstraido de tudo o resto que os envolvia estavam obvimente a partilhar a boa nova (?) de mais um nascimento.
nao estava propriamente atento ao rebuliço e apenas me chegavam algumas frases que davam para perceber o contexto. desliguei como o fazemos quando estamos num bar, restaurante ou café e voltei aos meus pensamentos.
mas com o ambiente subitamente mais silencioso chegou-me uma frase solta "é um menino. e ela esta tao bonita! é que os meninos dao beleza as maes e as meninas tiram-na."
é impressionante nao é?

do sangue e coisas assim

se isto tiver nos proximos anos uma evoluçao extraordinaria, acabava-se com isto e isto. eram dois coelhos de uma traulitada só.

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

terça-feira, fevereiro 23, 2010

INFO INSTITUCIONAL

o hospital garcia de orta no parlamento nacional, pela intervençao do PCP a 14 de fev de 2010.

aqui

Afinal,...sem moralizar

Ter ou manter um “espirito aberto” seja o que o que for que isso signifique é um lugar comum na boca de muitos. Relembro um filme sobre o assunto que anteriormente postei neste blogue e que é paradigmatico para esta mesma reflexao.
Pessoalmente, desejo ter capacidade mental suficiente para poder tomar a atitude mais adequada perante factos que me sao estranhos ou adversos pelas minhas crenças ou pré-conceitos.
Mas da teoria a pratica há um longo caminho a percorrer e a paciencia esgota-se...
Na minha pratica clinica a situação em concreto que me tem feito reflectir ultimamente, refere-se à questao das testemunhas de jeová.
Juro que respeito a opiniao deles, aceito mesmo a decisao, seja qual for a sua motivação (religiosa ou não), pela recusa à administraçao de sangue. Aceito essa opçao com toda a naturalidade tal como aceito a recusa por um proposta cirurgica ou por um comprimido.
Mas sou completamente intransigente e impermeavel à imposiçao da sua opiniao, ao arremesso de papéis legais politestemunhados, à intolerante agressao argumentativa da (nossa) redençao a uma entidade superior. Não posso aceitar esta atitude porque eu não tenho qualquer desejo de impor ou demonstar qualquer outra moral ou tentar convence-los do contrario daquilo em que acreditam. Exigo o mesmo, nada mais.
Confesso que realizei varias tentativas honestas em estabelecer sintonia, comunicar, ajudar a desconstruir fraudes pseudocientificas mas tendo sofrido varias investidas inquisitivas sobre qual a minha opiniao sobre as suas crenças, outras tantas persuadindo-me na leitura da patetica declaraçao de isençao de responsabilidade (como se isso limpasse a “alma” e fosse a panaceia para as questoes morais e de consciencia individuais) chegamos ao ponto do não retorno. E a consulta termina aqui.
A velhinha continuava a sua açao de terrorismo fazendo-me sugerir subtilmente a subjugaçao da sua “imaginaria equipa cirurgica (modelo vitoriano)” na qual o anestesista e demais profissionais, obedeciam às determinaçoes e desejos do cirurgiao ou “operador”. Este último , "o" termo, comumente recorrente no lexico fantasioso de uma parte da populaçao ignorante. É obvio que este tipo de relaçao profissional não existe num bloco operatorio. É tao obvio que se torna ridiculo detalhar mais em pormenores.
Perante tal barreira intransponivel na comunicação, que constatei com tristeza, dei sinal do fim da consulta, dirigindo-me à porta, apos todos os objectivos da minha consulta terem sido realizados. Verifiquei o delirio manifesto na espiral de ruminaçao e evocação de direitos mesclados com evocações divinas e profecias, em cristalizaçao de posiçao e completamente surda ao dialogo.
Tenho felizmente poucos casos de comunicaçao impossivel na relaçao medico doente e quando sucedem, lamento-os mesmo. Sao como naufragos e ve-los impotente a afundarem-se apesar das boias e dos braços, na tentativa de os alcançar. Sofre-se com isso, angustiamo-nos com a situaçao apesar de toda a racionalidade e abertura mental.
Efectivamente sem moralizar.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

sem moralizar... - sound 80´s


Adoro o campo, as árvores, as flores
jarros e perpétuos amores
que fiquem perto da esplanada de um bar
com os pássaros estúpidos a esvoaçar

adoro as pulgas dos cães
todos os bichos do mato
o riso das crianças dos outros
cágados de pernas para o ar

efectivamente escuto as conversas
importantes ou ambíguas
aparentemente sem moralizar

adoro as pegas e os pederastas que passam
(finjo nem reparar)
na atitude tão clara e tão óbvia de quem anda a engatar
adoro esses ratos de esgoto
que disfarçam ao dealar
como se fossem mafiosos convictos habituados a controlar

efectivamente gosto de aparências
imponentes ou equívocas
aparentemente sem moralizar

terça-feira, fevereiro 16, 2010

...enquanto isso, em pampilhosa da serra...

a reportagem sobre a catastrofe que se abateu sobre o interior (ostracizado e esquecido, como dizia o outro) contrasta com a serenidade de mais um dia de inverno à D. Zulmira que teve os seus 5 minutos de fama :)

é que realmente ha coisas simples, como vestir uma camisola de lã quando o frio aperta.

ouvir aqui

sábado, fevereiro 13, 2010

fundamentalismos e comunicação

ha fundamentalismos por toda a parte e todos os dias. ha que manter a mente intelectualmente ginasticada para compreender estes fenomenos, o que nao significa a aceitaçao de palavras, atitudes e comportamentos deste grupo de pessoas. tolerancia nao é a palavra adequada ja que a mesma sugere implicitamente uma superioridade moral. a comunicaçao é a chave para a soluçao do problema, mas só pode existir se nao matarem o mensageiro, nao queimarem a mensagem e nao dessintonizarem a frequencia no posto de rece(p)ção.

sexta-feira, janeiro 29, 2010

quarta-feira, janeiro 13, 2010

rain

e porque nao ha neve por lisboa para celebrar, aqui deixo a neura de outrem num dia de chuva

aqui

domingo, janeiro 10, 2010

uma sociedade mais justa - a síntese

estao tod@s de parabens.

celebrado aqui, aqui, aqui

denuncia contra o preconceito aqui

o referendo aqui, aqui

(post em expansao)

(imagem de post da Ana Vidigal - Jugular)

uma nova pagina apos 8 jan

aqui fica o texto da alexandra tavares teles
como sao tao dificeis de fazer ver assim coisas simples?

à bardacoisa...

hoje convido-vos a visionar uma noticia como esta.

isto "alunos do sexto ano do Mestrado Integrado em Medicina do Departamento Universitário de Saúde Publica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa" dá falta de ar nao da?

pois estava eu prontinho para amandar um mail de reclamaçao à suposta desinformada jornalista quando faço uma googladela para ver se o dito mestrado existe.....

e nao é que existe mesmo e publicado em DR?

e lendo na diagonal percebo que isto é o curriculo do curso de medicina, tao somente

sabem o que eu digo a isto? bardacoisa!...

sábado, janeiro 02, 2010

Plataforma Cidadania e Casamento - O referendo é um direito

quando irao perceber que os direitos, como a liberdade, por exemplo, nao se referendam?

dedicado à Plataforma Cidadania e Casamento,...com amor

aqui deixo apenas dois nano-micro-filmes para o enriquecimento da coleçao que o sitio da plataforma cidadania e casamento disponibiliza.

se querem ser levados a serio não desejarao por certo parcialidade na discussao do tema que propoem a referendo. e sejamos honestos, aqui a escolha dos videos estava muito manca!




as perguntas parvas da PCC

quais sao as implicações? é passar a existirem mais pessoas felizes. simples, nao é?

mas afinal esta gente quer distrair-se das questoes fundamentais que assolam o pais?

agora ja propoem discutir e fazer referendos? sao muito inconstantes...parece que nao sabem bem o que querem.



olhem,...entretanto deitem os olhinhos a espanha. dá para ter uma ideia das consequencias na "na história, na cultura e nas relações sociais do país".

Apre!

Tradutore, Traidore

JPP no seu post fica muito surpreendido com a máquina de propaganda (socialista) a funcionar.
nao me surpreende e o mesmo nao lhe devia suceder. nao faria o seu partido exactamente o mesmo se detivesse o poder? lembram-se da expressao "maquina laranja" do tempo dos governos de maioria absoluta do psd muito utilizada nos anos 90?

hoje destaca as diferenças entre o discurso do PM e o do PR. isso tambem nao me surpreende. é de esperar que ambos tenham visoes diferentes e mesmo expectativas diferentes para o pais.
a certo momento escreve "Onde o governo se prepara para avançar com o casamento dos homossexuais, o Presidente fala de distracções secundárias e valoriza a família."

Ora aqui a porca torce o rabo já que a expressao "valoriza a familia" é uma mera opiniao do JPP. Poderiamos dizer exactamente a mesma frase e utilizar "desvaloriza a familia", ja que o conceito defendido pelos conservadores, na qual se inclui a opiniao do presidente e a de JPP, é mais restritiva. na minha opiniao valorizar a familia seria alargar o conceito de familia e por isso incluir pai e filha, mae e filho, casais hetero ou homosexuais, irmaos,...

esta simples palavra manipula o leitor, aquilo que JPP combate. JPP é um excelente opinion maker e conhece bem o jogo da comunicação. JPP tem alias alertado para os riscos da manipulação mediatica, para todas as estrategias de condicionamento de massas, para a fabricação de noticias, para as campanhas de desinformação e da propaganda governamental. Tudo isto é facil pela evolução tecnologica na nossa sociedade de informaçao. JPP relembra-nos o risco de evoluirmos para um estado ditatorial como aquele descrito pela obra de G Orwell, 1984 e aconselha muito dinamite cerebral. essa de facto é a unica arma que possuimos contra um regime totalitario de pensamento unico.

e depois de isto tudo afinal JPP faz o mesmo que aqueles que critica ....mas o que eu esperava de JPP, independentemente de expor a sua opiniao, era de fornecer o acesso ao discurso do presidente atraves de um link no seu blogue em nome do livre pensamento.

os nomes proprios

alguem me explica porque têm os portugueses a mania de mudar o nome da minha cidade, quando falam com os estranjeiros, em ingles?
os nomes proprios nao se mudam, muito menos quando sao ditos ou escritos pelos naturais desse lugar. o meu nome mantem-se quer eu visite a inglaterra, ou o nepal. o mesmo deverá suceder com o porto.

sexta-feira, janeiro 01, 2010

proteção civil

os comunicados da proteção civil sao muito parecidos com aqueles que uma avozinha daria aos seus netinhos. algo semelhante a isto: nao saltem nas poças, nao andem à chuva, levem o casaco e agasalhem-se...é querido, mas estou farto deste instituto que parece fingir ser.
com a tempestade do natal e o apagao na zona do oeste, (um verdadeiro problema de proteção civil) onde andavam estes senhores?
é muito fácil e muito obvio(?!) que o culpado de dias a fio sem luz (nao apenas 48 horas), se deveu à incompetencia da EDP. esse é o elo mais fraco. a EDP (tambem se pos a jeito) foi o cordeiro da má comunicação social, empanturrada pelas rabanadas e sem materia prima para trabalhar na silly season do inverno.
a zona do oeste e todos nós deveriamo-nos sentir lesados pela (des)proteção civil e fazer com que o dito instituto amadureça e se torne adulto, eficaz e verdadeiramente responsavel para as funções que publicita. ou entao que se extinga.
por comparação, expliquem-me o pronto destaque às 2 da manha, nas televisoes apos o sismo de 17.nov, com ministro e tudo a botar faladura. é porque é muito facil resolver e aparecer na televisão quando nao ha consequencias e nada ha para fazer.

sondagem dez 2009

confesso que a sondagem iniciada neste blogue com a pergunta sobre o pai natal foi mais uma brincadeira para testar esta "geringonça", mas posso agora concluir que funciona muito bem e descobri coisa mui valida sobre o estado do país! oh se descobri!

assim passemos ao comentário sobre os resultados obtidos:

1. constato a pouca participaçao dos portugueses em sondagens :) (8 votantes)

2. a maioria nao valoriza o esforço criativo e etiqueta o(s) "artistas" como "drógados"; (4 votos - tas nas brocas tas)

3. ha alguns conservadores, provavelmente os mesmos que não modificavam a historia do capuchinho vermelho; (1 voto - pela chamine)

4. mas o facto relevante nesta amostra é confirmar-se o aumento silencioso do numero de "ateus", espelho do que acontece na sociedade, obviamente; (3 votos - o pai natal nao existe)

depois de ter brincado as sondagens lança-se uma questao mais de estado.

no proximo dia 8 vai ser discutida na assembleia da rep a modificação que permite casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.

manifeste a sua opiniao na nova pergunta: "Concorda com o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo?"