recebi-os à porta como ritualmente faço a todos os doentes.
entrando, lentamente instalaram-se no desconforto de verao do gabinete. estavámos qual africa equatorial. ate mesmo uma pesada e velha ventoinha amenizava o ar quente. de modo informal, procurei aliviar a tensao daqueles dois dias que faltavam para a operaçao agendada. era um procedimento frequente.
«sabe doutor, o meu marido tem uma pilha no coraçao». os seus 80 anos justificavam-no bem, pensei.
revi as analises e restantes exames, completei o resto do questionario pre-operatorio e concluí que estava tudo pronto.
sem autorizaçao, também lá tinha entrado e aí permaneceu silenciosa.
o seu sorriso paciente de troça, por tras do casal, olhando para mim.
acompanhou-a no segundo dia do pós-operatorio, sem aviso, sem mais nada.
(foto retirada da BBC)
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