domingo, novembro 15, 2009

o discurso apocaliptico ... um pouco fascizoide

este post é um exemplo muito tipico do discurso daqueles que desfiam a ladainha do "fado" portugues mas tem um objectivo perverso.
paradoxalmente quem relata nestes termos a "posiçao" portuguesa no mundo é o paradigma do atavismo e da mentalidade que criticam.
o significado ou o sentimento de ser portugues deve ser encarado, no seculo xxi, como um processo mental. como todos sabemos, a queda do imperio romano nao exterminou os romanos. existem e de boa figura no seculo xxi. e permitiu ser aquilo que somos hoje na europa. nao me consta que alguem esteja refem de um saudosismo por essa civilizaçao.
o peso da nossa historia faz parte da nossa identidade de caracterizaçao como povo, mas nao é exclusiva nem nos identifica. a nossa presença na construçao europeia e participaçao na historia deste continente vai obviamente a longo prazo acrescentar à nossa identidade.
vamos ganhar a cachupa e o inhame em termos culinarios, mas tambem passaremos a conviver com ortodoxos e islamicos a nivel religioso. a celebraçao da queda/destruição do muro de berlim deve fazer-nos pensar que nao estamos isolados do nosso contexto europeu. como consequencia directa passamos a integrar em portugal, outras realidades como uma presença maior de cidadaos originarios dos antigos paises de leste. e todos tem contribuido para um modo de estar diferente daquele que tinhamos como certo do modo de"ser portugues".
a uniao europeia abriu-nos o acesso aos diversos nichos socio-culturais do continente, sem limites. telefono amiude a amigos espanhois, celebro com amigos fins de semana em italia, assisto a peças em londres e trabalho em lisboa. nao faz muito sentido, ter o discurso da defesa da raça. todos independentemente da sua nacionalidade temos no dia a dia problemas muito semelhantes: os amores e desamores; o cansaço ou as alegrias no trabalho, a familia onde uns nascem e outros morrem.
Eu conheço bem o tipo de discurso apresentado no post acima referido. Inicia-se com a evocação da grandeza do Povo, caracteriza-se a suposta "decadencia" do país actual e culpabiliza-se tudo pelo deboche da sociedade dominada pelos "jovens" e yupies e gays, grandes responsaveis pela perda de moral na sociedade.
é obvio o que ele pretende,... já que nao é mais politicamente aceitavel condenar a homossexualidade, tenta eufemisticamente desvalorizar a questao dos casamentos gay tentando fomentar emoções primarias de nacionalismo bacoco naqueles mais distraidos e projecta-los para uma missao abstracta, como a necessidade urgente de salvar a sociedade portuguesa em extinção, decadencia e proxima do abismo.
A logica prossegue com os numeros da natalidade (a diminuir) e dos abortamentos realizados em portugal (que só agora pode ter acesso porque tornaram-se legais), mas a desonestidade intelectual persiste apresentando os numeros como a existencia de um crescimento de ano para ano do numero de abortamentos, sem qualquer ressalva ou nota para analises mais cuidadosas.
prometo que volto ao tema mais tarde...

1 comentário:

Anónimo disse...

É apenas uma questão de tempo e o que o "pikeno armado" refere camufladamente, irá fazer parte do quotidiano. Bem, na verdade já o faz há algum tempo, mas sempre por meandros ou subterfúgios ou lá através de relações eufemismáticas.
A verdade, é que a homossexualidade, vai deixar de se traduzir no "maricas" que gosta de homens, para o homem que gosta de homens...idealmente, sempre no singular! Isto porque a decadência da imagem da comunidade gay começa no momento em que a "poligaymia" se instalou...

Aos que não conhecem os prazer retirados da "monogaymia" a aconselho um ou outro episódio do "Sex and the City".

beijo,
Hathor